Modelagem morfológica

Esta modelagem integrou o Estudo Ambiental Simplificado (EAS) também realizado pela Stokes Oceanografia. O empreendimento a ser licenciado tratava-se de um Terminal Marítimo de Passageiros localizado na Baia Sul da Ilha de Santa Catarina, Florianópolis/SC. Para sua implantação duas obras eram necessárias: reforma de um trapiche já existente no local e dragagem na zona de atracação a fim de obter a profundidade segura para o trânsito das embarcações.

Para avaliar os possíveis impactos gerados no ambiente aquático decorrente destas duas obras, foram realizadas simulações numéricas de ondas, hidrodinâmica, morfológica e de transporte sedimentar. A implementação destes modelos tinha 3 objetivos principais: i) caracterizar a pluma de sedimentos gerada durante a obra de dragagem, ii) investigar alterações no padrão hidrodinâmico (direção e velocidade das correntes), de onda (altura significativa) e morfológico (taxas de sedimentação e erosão) decorrente da reconstrução do trapiche e aprofundamento do leito marinho na área de atracação das embarcações e iii) com base nas taxas de erosão e sedimentação, avaliar a necessidade de dragagens de manutenção na área de atracação.

Para as simulações foram utilizados os seguintes módulos do modelo numérico Delft3D: Delft3D-FLOW (hidrodinâmico), Delft3D-SED (transporte sedimentar), Delft3D-WAVE (ondas) e Delft3D-MOR (morfológico). A malha computacional utilizada englobou toda a Baia Norte e Sul e região oceânica da Ilha de Santa Catarina.

A pluma de ressuspensão proveniente da operação de dragagem na área de implantação do Terminal algumas vezes se mistura com a pluma de descarte da área de botafora devido as suas proximidades. Os resultados da modelagem indicaram uma área total impactada de 5.507 km², com distância máxima de 2 km para o sul e para o norte da área do botafora. O valor máximo de sedimentos em suspensão encontrado foi de 163 mg/l. Porém apenas a área restrita aos limites do botafora apresentaram concentração de sedimentos na coluna d’água superior a 10 mg/l. Nenhuma das plumas de sedimentos simuladas alcançou a Reserva Extrativista do Pirajubaé localizada na Baia Sul da Ilha de Florianópolis.

Os resultados comparativos do campo de ondas entre os cenários pré e pós obra indicaram um aumento na altura de onda na região em torno do trapiche após as obras em média de 0,2 metros, como pode ser visto na figura abaixo. Essa alteração decorre principalmente do aprofundamento da zona de atracação, que faz que com as ondas que anteriormente quebravam em região mais afastada da linha de costa, agora se aproximem da costa com maior altura.

Quanto às taxas de erosão e sedimentação, a simulação morfológica para o período de 1 ano indicou que as taxas de sedimentação se intensificaram no cenário pós obra especialmente na região dragada. Tal efeito já é esperado visto que com o aumento da profundidade as velocidades de correntes tendem a diminuir, aumentando assim as taxas de sedimentação. O ambiente busca “retornar ao natural”, e age para suavizar o perfil batimétrico alterado pela dragagem. Portanto, a fim de manter a profundidade necessária para segurança da navegação, será necessário a realização de pequenas dragagens de manutenção a cada 1 ou 2 anos no local.

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